Desabusando Priscila: Ela era pastora?

Um dos meus ex-alunos, agora um líder na Convenção Batista do Brasil, fez a seguinte pergunta na sala de aula:

“Dr. Mark, o que você acha do fato que Priscila participou no discipulado de Apolo como a professora dele?” (Atos 18:26)

O que se segue foi minha resposta à sua pergunta:

Esta é uma excelente pergunta, e você identificou um dos versículos principais usados pelas feministas para defender a ordenação de mulheres ao ministério pastoral, e que Paulo teria aprovado um ministério de mulheres ensinando homens. Primeiro, leremos juntos o versículo, e depois, responderei sua pergunta.

Atos 18.24 “Nesse meio tempo, chegou a Éfeso um judeu chamado Apolo, natural da cidade de Alexandria. Ele era um bom orador e conhecia muito bem as Escrituras. 25 Ele tinha sido instruído no caminho do Senhor; falava com bastante entusiasmo e ensinava de maneira correta a respeito de Jesus, apesar de conhecer somente o batismo de João. 26 Ele falava sem medo na sinagoga e, quando Priscila e Áquila o ouviram, chamaram-no de lado e lhe explicaram melhor o caminho de Deus. 27 Apolo, então, quis ir para a região da Acaia. Os irmãos o encorajaram e escreveram aos discípulos de lá pedindo que o recebessem bem quando ele chegasse. Ele foi uma grande ajuda para aqueles que, pela graça, tinham acreditado…”

1. O foco desta passagem é Apolo, e como esse tremendo pregador do Evangelho (veja 1 Coríntios 2-4) entrou na Igreja e no ministério cristão. Áquila e Priscila já estavam em Éfeso porque Paulo os levou para lá no final de sua segunda jornada missionária (Atos 18.21; 53 d.C.). Algumas feministas exageram muito a função de Áquila e Priscila em Éfeso. Por exemplo, uma pessoa escreveu:

“Paulo confiou em Priscila e Áquila o suficiente para deixá-los em Éfeso enquanto ele viajava para Antioquia. Eles abriram outro ramo de sua tenda fazendo negócios. Eles assumiram o comando completo da missão em Éfeso.”
(mylordkatie, “Early Women Disciples – Priscilla”)

A autora ofereceu especulações interessantes, mas o texto bíblico não oferece apoio ou base por afirmação alguma, além do que Paulo confiou suficiente no casal para deixa-los em Éfeso. Depois que eles chegaram a Éfeso, foi Paulo quem pregou na sinagoga (18.19), mas ele não ficou tempo suficiente para plantar uma igreja. Áquila e Priscilla não são mencionados novamente em Atos 18.19-21. Não foram “pastores” de uma igreja, porque os crentes em Éfeso não estabeleceram uma congregação separada, uma “igreja”, até depois que Paulo retornou a Éfeso em 54 d.C. (Atos 19.9). Foram os judeus da sinagoga, não de uma igreja, que pediram que o Apóstolo ficasse mais tempo, mas ele recusou (18.20-21).

Quando Apolo chegou a Éfeso e começou a falar na sinagoga, Áquila e Priscila ainda estavam adorando na sinagoga (18.26). Áquila e Priscila não o convidaram para sua “igreja”, mas para uma conversa particular, e não foi Áquila e Priscila que incentivaram Apolo a ir a Corinto, mas “os irmãos”. Essa é uma forte indicação de que Áquila e Priscila não eram os pastores da uma igreja em Éfeso, como sugerido pelas feministas.

2. Impossível classificar a conversa como “discipulando”. Era só uma conversa.

3. Não foi só Priscilla que falou com Apolo, mas ambos juntos, como casal, o chamaram ao lado. Tampouco é verdade que Priscilla é apresentada como o membro dominante do casamento. Áquila e Priscila são mencionados pela primeira vez em Atos 18:1 Depois disso, ele (Paulo) deixou Atenas e foi para Corinto. 2 E ele encontrou um certo judeu chamado Áquila, natural de Pontus, recentemente vindo da Itália com sua esposa Priscilla.

Aqui, a ênfase está em Áquila, e Priscilla é apresentada como “sua esposa”. O fato de o nome dela aparecer primeiro nas cartas de Paul poderia ter outras explicações (principalmente culturais), ao invês de ser a chefe ou a pessoa mais importante da família.

4. Essa foi uma conversa particular (proslambano), longe da sinagoga. A única outra ocasião em que esse verbo aparece no NT, foi quando Pedro puxou Jesus para o lado para repreendê-lo em particular (Mt 16,22; Mc 8,32). É impossível extrapolar a partir desse cenário que dá licença para as mulheres pregarem ou ensinarem numa igreja.

5. É importante observar o verbo que Lucas usou para descrever a atividade do casal. Eles não pregaram (kerusso) a Apolo, nem o discipularam (manthano), nem sequer o ensinaram (didasko). O verbo é ektithemi, “expor”, um verbo que só aparece no livro de Atos. Lucas usou esse verbo para descrever Pedro explicando aos judeus em Jerusalém o que aconteceu com Cornélio (11.4), e para descrever Paulo relatando aos judeus em Roma como Jesus Cristo cumpriu as profecias do Antigo Testamento (28.23). Desde que Atos 11.4 e 28.23 envolviam ouvintes hostis, dificilmente se poderia dizer que esses eram ambientes “pastorais” ou “de discipulado”.

6. Consequentemente, o máximo que podemos dizer sobre essa história é que foi uma simples conversa entre um casal leigo, embora bem discipulado pelo apóstolo Paulo, e um jovem pregador que precisava de algum refinamento de sua mensagem. Seja em Éfeso ou seja em Corinto (18.27-28), Apolo é o pregador da passagem, não Priscila. Ela participou da conversa com Apolo, mas não há nada no texto que indique que Priscilla estava atuando em uma função pastoral ou mesmo de discipulado. Quantas vezes conversas como essa ocorrem em nossas igrejas, quando um casal maduro de leigos leva um jovem pastor de lado para incentivá-lo em seu ministério? Você pode acreditar que isso aconteceu comigo várias vezes quando eu era um jovem pastor!

7. Precisamos colocar essa conversa entre Áquila, Priscila e Apolo em comparação com a conversa de Paulo no próximo capítulo (Atos 19), quando, como Áquila e Priscila, Paulo encontrou discípulos de João Batista, que certamente tinham se familiarizado com Apolo. Áquila e Priscila “informaram” Apolo com maior precisão sobre o “caminho de Deus”, enquanto na conversa de Paulo no capítulo dezenove, encontramos uma declaração que não é apenas doutrinária, mas que fornece um momento pivotante no livro de Atos: a transição do cristianismo como um movimento judaico que reflete a pregação do arrependimento e o batismo de João Batista (Atos 2.38) à um movimento que se baseia 100% na fé em Jesus. Podemos perguntar: Priscila batizou Apolo, como Paulo batizou os demais discípulos de João Batista? Ela colocou as mãos sobre ele para que ele pudesse receber o dom do Espírito Santo, como Paulo fez com os demais discípulos de João Batista? Se ela fosse a pastora da igreja, treinada pelo Apóstolo, ela não teria se envolvido em ações semelhantes?

8. Apolo também não foi o único jovem pregador a falar em Éfeso enquanto Áquila e Priscila estavam lá. Na primavera de 57 dC, Paulo deixou Corinto indo em direção a Jerusalém pela Macedônia (Atos 20), e no caminho para a Macedônia deu ordens para que Timóteo ficasse em Éfeso (1Ti 1.3) com o objetivo de comandar indivíduos específicos não ensinar heterodoxia (1Ti 1.3; cf. Atos 20.29-30). Foi nessa carta, 1 Timóteo, que Paulo usou sua autoridade apostólica para declarar que era permitido às mulheres receber instrução, mas não para ensinar, nem exercer autoridade sobre os homens (1Ti 2.11-12). Essa ordem apostólica não seria extremamente estranha se o próprio Paulo tivesse colocado Priscila como co-pastora da igreja em sua primeira visita à cidade? Atos 20.30 também deixa claro que os anciãos da igreja eram homens, não mulheres. Em vez disso, o ministério de mulheres era o ensino de crianças (2.15), o cuidado de necessidades físicas  (diaconisas, 3.11; cf Rom 16.1), ou as viúvas que receberam seu sustento da igreja em troco de votos de dedicar o resto de suas vidas para servir Jesus Cristo, com requisitos distintamente domésticos para sua participação (1Ti 5.9-10). As orientações do Apóstolo para as viúvas jovens eram para se casarem, terem filhos e assumirem responsabilidades domésticas.

Podemos saber, com base no fato de que Áquila e Priscila estavam em Roma (Rom 16.3-5) quando Paulo escreveu aos romanos em 57 dC, que o casal não estava mais em Éfeso quando o Apóstolo viajou para Jerusalem. Mas quando Paulo escreveu sua segunda carta a Timóteo no final da vida do apóstolo no outono de 67 dC, Áquila e Priscila estavam de volta a Éfeso (2Ti 4.19). Se Paulo considerou Áquila e Priscila os co-pastores da igreja de Éfeso, não é estranho que não encontremos nenhuma sugestão disso em 2 Timóteo, que foi escrito como um apelo urgente para que Timóteo voltasse ao ministério devido aos desvios doutrinários que enfrentaram a igreja (2Ti 1.6 )?

Em conclusão, aqueles que apelam para Atos 18:28 e a conversa privada entre Áquila, Priscila e Apolo como prova de que Áquila e Priscila eram co-pastores da igreja em Éfeso estão atirando no escuro. Não havia igreja na época, já que os cristãos ainda estavam se reunindo na sinagoga, o pregador na passagem não é Priscilla, mas Apollos, e o verbo usado para a conversa entre o casal e Apollos é uma palavra minimalista para a comunicação de dados. A decisão de enviar Apolo a Corinto foi tomada pelos “irmãos”, e não por Áquila e Priscila. É uma contradição chocante pensar que Paulo teria estabelecido uma igreja com uma mulher como co-pastora, apenas para proibir as mulheres de ensinar ou de exercer autoridade sobre os homens, em sua carta a Timóteo depois de enviá-lo para pastorear a mesma igreja. Não há menção de Áquila e Priscila como líderes da igreja quando Paulo retornou em 54 dC, nem em 1a ou 2a Timóteo. Transformar uma conversa particular entre um casal leigo e um jovem pregador em uma defesa para consagração de pastoras é um sopa de pedra – cada uma trazendo seus próprios ingredientes para engrossar o caldo.

(Expresso meus agradecimentos a Ivete Miller por sua ajuda na correção do meu português.)

A questão de Hebreus 6.4

Pr. Mark, você escreveu sobre calvinistas e arminianos: “Nenhum dos dois entende Hebreus 6.4.” Qual a sua visão sobre Hebreus 6.4?

Eu entendo que Hebreus foi escrito por Lucas, depois da morte de Paul e Pedro, em Roma (Heb. 13.24; e Hebreus é o livro mais citado por Clemente de Roma, em 69 d.C.), para a igreja em Jerusalém durante a Guerra de 66-70. Examine quantas vezes o conceito da “cidade” aparece, e as exortações para sair da cidade (Heb. 13.12-14), e o fato de que os sacrifícios no templo ainda estavam em pé. O julgamento sobre Israel prometido por Jesus contra “essa geração maldita” estava chegando. Note também os paralelismos entre o que aconteceu em Cades Barnéia (tema central do livro) e a geração que foi morta 40 anos depois, e a crucificação de Cristo em 30 d.C., e a destruição de Jerusalém 40 anos depois. A advertência era: ou saia da cidade (um ato de apostasia aos olhos dos judeus), ou morrerá com essa geração maldita

O problema é que ainda somos católicos: tudo é ou sofrer no inferno, ou ser felizes no céu. Deturpamos muitos trechos por causa dessa perspectiva simplória.

Lucas, em Hebreus 6, como o Apóstolo Paulo em 1 Coríntios 10, fez comparações entre as experiências do povo no deserto e as experiências dos cristãos:

4 É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, tornaram-se participantes do Espírito Santo, 5 experimentaram a bondade da Palavra de Deus e os poderes da era que há de vir, 6 e caíram; é impossível que sejam reconduzidos ao arrependimento; pois para si mesmos estão crucificando de novo o Filho de Deus, sujeitando-o à desonra pública.

Item: Deserto: Cristão:
Iluminados: Torre de fogo Espírito Santo
Dom celestial: Maná provaram Jesus, o maná do céu
E.S. 70 anciãos Crentes batizados pelo Espírito Santo
Palavra de Deus: Receberam a Lei Receberam o Novo Testamento
Poderes da era Milagres no deserto Milagres dos Apóstolos (Heb. 2.4)

Tanto os calvinistas quanto os arminianos também entendem que os que caíram são as mesmas pessoas e que não podem arrepender-se, mas somente os calvinistas, enganados por sua doutrina da perseverança, dizem que seria somente hipotética.

As asseverações dos calvinistas que os destinatários nunca foram salvos é um exemplo perfeito de deturpar as Escrituras para salvar sua teologia. Como alguém pode “provar do dom celestial mas não ser salvo”? Eles: porque era somente uma experiência superficial. Mas como podem dizer isso, quando nessa própria carta, foi escrito que Cristo “provou a morte para TODOS (mais uma encrenca para os calvinistas) – sua experiência era superficial?

Também, se os arminianos modernos estão corretos no seu entendimento, uma vez que perdemos a salvação, nunca poderíamos ser salvos de novo.

Devemos voltar para a história de Israel no deserto. TODOS que morreram no deserto estão em vista neste trecho. Inclusive Moisés, Miriam, Arão, os 70 anciãos, TODOS os homens militares com exceção de de Calebe e Josué.

Moises não foi salvo? Miriam não foi salva? Os 70 anciãos que receberam o Espírito Santo não foram salvos? Mas todos tinham crido em Deus e aplicaram o sangue do cordeiro! Na linguagem de Paulo, todos foram batizados, e participaram nas santas ceias no deserto (1Cor. 10).

Isso também ignora a pessoa que mais arrependeu-se no deserto… foi Deus! O povo ganhou a ira de Deus. Deus disse que iria destruir a todos, mas Moisés “renovou” o arrependimento de Deus. Mas o que aconteceu em Cades Barnéia é central para o argumento de Lucas: aquela vez, Deus jurou na sua ira. E nem Moisés poderia renovar o arrependimento de Deus! O povo arrependeu-se, sim! No entanto, dessa vez, quem não se arrependeu foi Deus. Moisés arrependeu-se, e chorou três vezes para entrar na terra. Mas Deus falou para não levantar o assunto de novo, porque ele não iria arrepender-se. A prova de que é o arrependimento de DEUS que está em vista encontra-se em Hebreus 12.17.

Como foi traduzido pela “Nova Versão Imaginativa” esconde a conexão (palavras chaves marcadas por *):

16 Não haja nenhum imoral ou profano, como Esaú, que por uma única refeição vendeu os seus direitos de herança como filho mais velho. 17 Como vocês sabem, posteriormente, quando quis herdar a benção, foi rejeitado; e *não teve como alterar a sua decisão*, embora buscasse a benção com lágrimas.

A JFA está fiel:

17 Porque bem sabeis que, querendo ele ainda, depois, herdar a bênção, foi rejeitado, porque *não achou lugar de arrependimento*, ainda que, com lágrimas, o buscou.

Esaú arrependeu-se, sim! Quem não mudou sua mente era, na narrativa, Isaque, mas de fato, era o próprio Deus. Igual com Hebreus 6. Lucas estava afirmando que quando Deus decreta o julgamento contra Seu povo, nem Moisés poderia fazer intercessão para reverter o julgamento. Não tem nada a ver com uma situação hipotética, como dizem os calvinistas, ou perder a salvação, como os arminianos. Não sou nem calvinista, nem arminiano. Acho ambos incorretos.

O final do argumento encontra-se em Hebreus 6.

7 Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; 8 Mas a que produz espinhos e abrolhos é reprovada, e perto está da maldição; o seu fim é ser queimada. 9 Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores, e coisas que acompanham a salvação, ainda que assim falamos. 10 Porque Deus não é injusto, para se esquecer da vossa obra, e do trabalho de amor que, para com o seu nome, mostrastes, enquanto servistes aos santos, e ainda servis. 11 Mas desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado até ao fim, para completa certeza da esperança.

“Ai! Fogo! Prova que é o inferno!” gritam os arminianos. “Não! Prova que nunca foram salvos” gritam os calvinistas. Mas ambos ignoram a figura. Por que queimam os campos de cana-de-açúcar aqui no Brasil? Para destruir a terra? Ou queimar o bagaço e as ervas daninhas? Nessa parábola, a terra representa o povo, não as ervas daninhas e os espinhos. E procure “fogo” no AT. É o símbolo principal do castigo do POVO DE DEUS por DEUS. Este fogo aqui não é inferno, mas o castigo dos salvos por Deus. Assim como foi escrito em Hebreus 10.30

Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E, também: O Senhor julgará o seu povo.

Agora, os calvinistas tentam, em suas manobras clássicas, distinguir entre “o povo de Deus” e “o povo de Deus”, mas devem lembrar-se que Moises e Arão foram incluídos neste grupo!

Hebreus 6 então foi uma advertência para os judeus crentes em Jerusalém durante a guerra com os Romanos para quebrar com os judeus que rejeitaram Jesus e estavam prestes para receber o castigo prometido por Ele (Jesus- Lucas 21), e fugir da cidade como Jesus mandou, ou se não, morreriam juntos com os judeus amaldiçoados. Extrapolar isso para “salvo do inferno” é ilegítimo e viola o contexto principal da epístola.

Calvinista ou Arminiano?

Eu escrevi um ensaio em resposta a uma pergunta feita por um amigo. Depois, pediram-me para eu reescrevê-lo em português, já que a ferramenta do Google não estava fazendo um bom trabalho; abaixo.

 

Caro Joversi,

obrigado pela oportunidade de poder esclarecer o que eu quis dizer quando falei que não sou nem um calvinista e nem um arminiano, pedindo alguma definição.

Numa tentativa de salvar meu calvinismo, fugi para o Seminário Teológico de Dallas (DTS). Eu era um calvinista de “4 pontos” pastoreando uma igreja batista reformada de “5 pontos”. No calvinismo, uma vez que a graça é soberana, não há espaço para algo como um “crente carnal”. Mas eu me encontrei pastoreando uma igreja com cristãos carnais CALVINISTAS, com vidas marcadas pela amargura, divisão e a arrogância. As pessoas claramente resistiam a graça de Deus, mas eram inegavelmente SALVAS. E uma vez que o calvinismo perde a doutrina da graça irresistível, o meio pelo qual Deus impõe Sua vontade sobre os eleitos, todo o “castelo de cartas” cai. Enquanto no DTS, eu encontrei um grupo de professores que me ofereceram uma terceira alternativa, que realmente não tem nome. Continuar lendo “Calvinista ou Arminiano?”

Teologia e poesia

Algumas semanas atrás, numa conversa comigo, meu amigo pr. João Soares da Fonseca da PIB-RJ questionou algo que ouviu: “O povo não precisa de teologia, mas de mais poesia.” Tentei descobrir o autor desta frase, mas não consegui encontrá-lo. Fico sempre espantado com a forma como as pessoas podem ser tão fascinadas com tais declarações bonitas, mas absurdas.

Em primeiro lugar, é absurdo propor uma contradição conceitual entre “teologia” e “poesia”. Na verdade, qualquer comparação recai sobre o que Aristóteles chamou de “erro de categoria”, um erro de semântica ou ontológico em que uma propriedade é atribuída a uma entidade que não poderia ter essa propriedade. É uma comparação de dois objetos que não pertencem na mesma categoria ontológica. Dizer que precisamos de menos teologia e mais poesia está no nível de dizer que “a maioria das bananas são ateias”. É um erro de categoria, porque bananas pertencem a uma categoria de objetos que não podem ser ditas a ter crenças. Continuar lendo “Teologia e poesia”

Posso ter um presépio em minha igreja?

Respondendo a uma carta

Prezado Roberto (nome fictício),

Em primeiro lugar, obrigado por confiar em mim para dirigir essa pergunta. Responderei à sua pergunta em dois níveis: o absoluto e o cultural.

Em termos absolutos, não vejo nenhum problema com presépio, seja na igreja ou em casa. Diane e eu usamos alguns para enfeitar nossa casa durante o natal. Mas existem duas objeções contra essa perspectiva.

A primeira é ofenderia o primeiro dos dez mandamentos: Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás culto, porque eu, o SENHOR, o teu Deus, sou Deus zeloso, que castigo os filhos pelos pecados de seus pais até a terceira e quarta geração daqueles que me desprezam, mas trato com bondade até mil gerações aos que me amam e obedecem aos meus mandamentos. (Êxodo 20:4) Continuar lendo “Posso ter um presépio em minha igreja?”